sábado, 12 de abril de 2014

Capítulo trinta e sete

Ele deita ao meu lado enquanto eu durmo. Espero ter pesadelos, mas devo estar muito cansada, porque minha mente permanece vazia. Na próxima vez em que abro meus olhos, ele já saiu, mas tem uma pilha de roupas na cama ao meu lado.
Levanto e ando até o banheiro e me sinto crua, como se minha pele tivesse sido esfregada e limpa, e cada respiração a machuca um pouco, mas está estável. Não acendo as luzes do banheiro porque sei que ela será pálida e clara, como as luzes da sede da Erudição. Tomo banho no escuro, quase não conseguindo diferenciar o sabão do condicionador, e digo a mim mesma que irei emergir nova e forte, que aquela água irá me curar.
Antes de deixar o banheiro, eu belisco forte minhas bochechas para corar minha pele. É estupidez, mas não quero parecer fraca e exausta na frente de todos.
Quando volto para o quarto de Tobias, Uriah está deitado de bruços na cama; Christina está segurando a escultura azul em cima da mesa de Tobias, examinando-a; Lynn está parada acima de Uriah com um travesseiro, um sorriso perverso rastejando em seu rosto.
Lynn acerta Uriah na cabeça e Christina diz:
— Ei, Tris!
E Uriah chora:
— Ai! Como você consegue machucar com um travesseiro, Lynn?
— Minha força excepcional — ela responde. — Você levou um tapa, Tris? Uma de suas bochechas está vermelha.
Não devo ter beliscado a outra forte o suficiente.
— Não, é só… Meu brilho matinal.
Eu tento a piada na minha língua como se fosse um novo idioma. Christina ri, talvez um pouco mais do que o meu comentário merece, mas eu aprecio o esforço. Uriah quica na cama algumas vezes quando se move até a borda.
— Então, a coisa sobre a qual todos nós não estamos falando — ele diz. Ele aponta para mim. — Você quase morreu, um mariquinha sádico te salvou, e agora todos estamos travando uma séria guerra tendo os sem facção como aliados.
— Mariquinha? — diz Christina.
— Gíria da Audácia — Lynn sorri. — Era para ser um grande insulto, só que ninguém mais usa.
— Porque é muito ofensivo — Uriah acrescenta, concordando.
— Não. Porque é tão idiota que nenhum integrante da Audácia com senso falaria, muito menos pensaria em falar. Mariquinha. Quantos anos você tem, doze?
— E meio — ele confirma.
Tenho a sensação que a brincadeira é por minha causa, para que não tenha que dizer nada; eu só consigo rir. E eu rio, o suficiente para aquecer a pedra que se formou no meu estômago.
— Tem comida no andar de baixo — Christina fala. — Tobias fez ovos mexidos, o que, como se pôde ver, é uma comida nojenta.
— Ei — eu digo. — Eu gosto de ovos mexidos.
— Deve ser um café de manhã de Careta, então — ela agarra meu braço. — Vamos.
Juntos, nós descemos as escadas, nossos passos trovejando de um jeito que nunca seria permitido na casa de meus pais. Meu pai costumava me repreender por descer correndo as escadas. “Não chame atenção para si mesma,” ele disse. “Não é cortês para com as pessoas à sua volta.”
Escuto vozes na sala de estar – um coro delas, de fato, acompanhado por ocasionais surtos de risada e uma melodia fraca arrancada de um instrumento, um banjo ou um violão. Não é o que eu esperava em uma casa da Abnegação, onde todos estão sempre quietos, não importa quantas pessoas estão reunidas. As vozes, as risadas e as músicas dão vida às paredes sombrias. Sinto-me até mais aquecida.
Eu paro na entrada da sala de estar. Cinco pessoas estão espremidas no sofá de três lugares, jogando um jogo de cartas que reconheço da sede da Franqueza. Um homem se senta num braço do sofá com uma mulher balançando em seu colo, e alguém mais se equilibra no outro braço, uma lata de sopa na mão. Tobias está sentado no chão, suas costas contra a mesa de centro. Cada parte de sua postura sugere relaxamento – uma perna dobrada, a outra reta, um braço pendurado em seu joelho, a cabeça inclinada para ouvir. Eu nunca o vi parecer tão confortável sem uma arma. Não achei que fosse possível.
Sinto a mesma sensação de afundamento no estômago que sempre sinto quando sei que estão mentindo para mim, mas não sei quem mentiu dessa vez, ou sobre o quê, exatamente. Mas não foi isso que me ensinaram a esperar dos sem facção. Fui ensinada que era pior que a morte.
Eu paro lá por alguns segundos antes de as pessoas perceberem que estou ali. A conversa deles esgota. Limpo as palmas das minhas mãos na barra da minha camisa. Olhos demais, e silêncio demais.
Evelyn limpa a garganta.
— Todos, essa é Tris Prior. Creio que vocês talvez tenham ouvido muito sobre ela ontem.
— E Christina, Uriah e Lynn — adiciona Tobias.
Sou grata pela tentativa dele de desviar a atenção de mim, mas não funciona.
Eu fico colada à moldura da porta por alguns segundos, e então um dos sem facção – um homem mais velho, sua pele enrugada estampada com tatuagens – começa a falar.
— Não era para você estar morta?
Alguns dos outros riem, e eu tento sorrir. Surge torto e pequeno.
— Deveria — concordo.
— Não gostamos de dar a Jeanine Matthews o que ela quer — Tobias fala.
Ele levanta e me estende uma lata de ervilhas – mas não está cheia de ervilhas; está cheia de ovos mexidos. O alumínio aquece meus dedos.
Ele se senta, então eu sento perto dele, e jogo um pouco dos ovos na minha boca. Não estou com fome, mas sei que preciso comer, então mastigo do mesmo jeito. Conheço o jeito de comer dos sem facção, então passo os ovos para Christina, e pego uma lata de pêssegos de Tobias.
— Por que todos estão acampados na casa de Marcus? — pergunto a ele.
— Evelyn o expulsou. Disse que era a casa dela também, e ele a usou por anos, e era a vez dela — Tobias sorri. — Isso causou uma explosão enorme no gramado da frente, mas eventualmente, Evelyn ganhou.
Eu olho para a mãe de Tobias. Ela está no canto da sala, conversando com Peter e comendo mais ovos de outra lata. Meu estômago se agita. Tobias fala sobre ela quase reverentemente. Mas eu ainda lembro do que ela me disse sobre minha efemeridade na vida de Tobias.
— Tem pão em algum lugar — ele pega uma cesta na mesa de café e a estende para mim. — Pegue dois pedaços. Você precisa.
Enquanto mastigo a crosta do pão, olho para Peter e Evelyn novamente.
— Acho que ela está tentando recrutá-lo — Tobias diz. — Ela tem uma forma de fazer com que a vida dos sem facção soe extraordinariamente atraente.
— Qualquer coisa para tirá-lo da Audácia. Não me importa se ele salvou minha vida. Ainda não gosto dele.
— Com sorte, não vamos mais precisar nos preocupar com as distinções de facção quando isso acabar. Será bom, eu acho.
Não digo nada. Não quero começar uma briga com ele aqui. Ou lembrá-lo de que não será tão fácil convencer a Audácia e a Franqueza a se juntar aos sem facção na cruzada contra o sistema de facção. Talvez se torne outra guerra.
A porta se abre, e Edward entra. Hoje ele usa um tapa-olho com um olho azul pintado, completo com uma pálpebra meio abaixada. O efeito do olho grande demais contra o rosto bonito é tanto grotesco quanto divertido.
— Eddie! — alguém chama.
Mas o olho bom de Edward já está em Peter. Ele começa a atravessar a sala, quase chutando a lata de comida da mão de alguém. Peter se pressiona nas sombras da moldura da porta como se tentasse desaparecer.
Edward para a centímetros dos pés de Peter, e então se empurra para frente como se fosse socá-lo. Peter corre para trás tão rápido que bate a cabeça na parede. Edward sorri, e ao redor de nós, os sem facção riem.
— Não é tão corajoso à luz do dia — Edward diz. E então, para Evelyn: — tenha certeza de não dar a ele nenhum utensílio. Nunca se sabe o que ele vai fazer com eles.
Enquanto fala, ele arranca o garfo da mão de Peter.
— Devolva isso — diz Peter.
Edward soca com a mão livre a garganta de Peter, e pressiona os dentes do garfo contra o pomo de Adão de Peter. Peter enrijece, sangue correndo em seu rosto.
— Mantenha a boca fechada perto de mim — ele diz, sua voz baixa — ou eu farei isso novamente, mas na próxima vez, irei direto para o seu esôfago.
— Já chega — Evelyn diz.
Edward larga o garfo e solta Peter. Então ele atravessa a sala e senta ao lado da pessoa que o chamou de Eddie um pouco antes.
— Não sei se você sabe disso — Tobias fala — mas Edward é um pouco instável.
— Estou vendo — respondo.
— Aquele Drew, que ajudou Peter a fazer aquela manobra com a faca — Tobias fala. — Aparentemente, quando ele foi chutado da Audácia, tentou se juntar ao mesmo grupo dos sem facção do qual Edward fazia parte. Perceba que não temos visto Drew em lugar algum.
— Edward o matou? — pergunto.
— Quase. Evidentemente, esse é o motivo da outra transferida – Myra, esse era o nome? – ter deixado Edward. Muito gentil para suportar.
Sinto-me vazia ao pensar em Drew, quase morto nas mãos de Edward. Drew me atacou, também.
— Não quero falar sobre isso.
— Tudo bem — Tobias concorda. Ele toca meu ombro. — É difícil para você estar em uma casa da Abnegação novamente? Eu gostaria de ter perguntado antes. Podemos ir para outro lugar, se for assim.
Eu termino meu segundo pedaço de pão. Todas as casas da Abnegação são as mesmas, então essa sala de estar é exatamente igual à da minha casa, e traz de volta algumas lembranças, se eu olhar com cuidado. Luz brilhando através das cortinas a cada manhã, o suficiente para o meu pai conseguir ler. O clique das agulhas de tricô de minha mãe todas as noites. Mas não me sinto como se estivesse sufocando. É um começo.
— Sim — respondo. — Mas não é tão difícil quanto eu achei que seria.
Ele ergue uma sobrancelha.
— De verdade. As simulações na sede da Erudição… Me ajudaram, de alguma forma. A suportar, talvez — franzo a testa. — Ou talvez não. Talvez elas tenham me ajudado a parar de segurar tão firmemente — parece certo. — Algum dia contarei para você.
Minha voz soa distante.
Ele toca minha bochecha e, mesmo que estejamos em uma sala cheia de pessoas, rodeados por risadas e conversas, ele me beija devagar.
— Calma aí, Tobias — diz o homem à minha esquerda. — Você não foi criado como um Careta? Pensei que o máximo que vocês faziam era... dar as mãos, ou algo assim.
— Então como você explica as crianças da Abnegação? — Tobias ergue suas sobrancelhas.
— Elas são trazidas à existência por pura força de vontade — a mulher sentada no braço da cadeira exclama. — Você não sabia disso, Tobias?
— Não, não estava ciente — ele sorri. — Minhas desculpas.
Eles todos riem. Nós todos rimos. E me ocorre que eu talvez esteja conhecendo a verdadeira facção de Tobias. Eles não são caracterizados por uma virtude em particular. Eles reivindicam todas as cores, todas as atividades, todas as virtudes, e todos os defeitos como se fossem seus.
Não sei os que os conecta. O único motivo comum que eles têm, até onde eu sei, é uma falha. O que quer que seja, parece ser o suficiente.
Sinto, enquanto olho para ele, que estou finalmente vendo-o por quem ele é, ao invés de como ele é em relação a mim. Então, o quanto eu realmente o conhecia, se não vi esse lado dele antes?

+ + +

O sol está começando a se pôr. O setor da Abnegação está longe do silêncio. A Audácia e os sem facção vagueiam pelas ruas, alguns com garrafas em suas mãos.
Diante de mim, Zeke empurra Shauna em sua cadeira de rodas passando a casa de Alice Brewster, antiga líder da Abnegação. Eles não me veem.
— Faça de novo! — ela diz.
— Você tem certeza?
— Sim!
— Tudo bem…
Zeke começa a correr atrás da cadeira de rodas. Então, quando ele está tão longe que não consigo vê-lo, ele se empurra com as mãos para cima de modo que seus pés não estão tocando o chão, e juntos eles voam para baixo até o meio da rua, Shauna gritando, Zeke gargalhando.
Eu viro à esquerda no cruzamento seguinte e começo a descer a calçada rachada até o prédio onde aconteciam as reuniões mensais da Abnegação. Embora pareça ter se passado muito tempo desde que fui lá, ainda lembro onde é. Um quarteirão ao sul, dois quarteirões a oeste.
O sol se aproxima do horizonte enquanto eu caminho. A cor some dos prédios surrados na luz do crepúsculo, então eles todos parecem cinzentos.
A fachada da sede da Abnegação é somente um retângulo de cimento, como todos os outros prédios no setor da Abnegação. Mas quando eu abro a porta, pisos de madeira familiares e fileiras de bancos de madeira dispostos em um quadrado me cumprimentam. No centro da sala fica uma claraboia que deixa entrar um quadrado de luz laranja do sol. É a única decoração da sala.
Eu sento no velho banco da minha família. Eu costumava sentar ao lado do meu pai, e Caleb ao lado da minha mãe. Agora parece que sou a única que restou. A última Prior.
— É bom, não é? — Marcus aparece e se senta na minha frente, as mãos cruzadas em seu colo.
A luz do sol está entre nós.
Ele tem um largo machucado na mandíbula de onde Tobias o bateu, e seu cabelo foi recentemente raspado.
— É legal — eu digo, me endireitando. — O que você está fazendo aqui?
— Eu a vi entrando — ele examina as unhas cuidadosamente. — E quero falar com você sobre a informação que Jeanine Matthews roubou.
— E se você estiver atrasado? E se eu já souber o que é?
Marcus olha por cima das unhas, e seus olhos escuros estreitam. O olhar é muito mais venenoso do que Tobias poderia conseguir, mesmo tendo os olhos do pai.
— Não há possibilidade.
— Você não sabe isso.
— Eu sei, na verdade. Por que vi o que acontece com as pessoas quando ouvem a verdade. Elas parecem como se tivessem esquecido o que procuravam, e só ficam olhando ao redor, tentando se lembrar.
Um calafrio percorre seu caminho pela minha espinha e se espalha pelos meus braços, me dando arrepios.
— Eu sei que Jeanine decidiu assassinar metade de uma facção para roubá-lo, então deve ser incrivelmente importante — digo.
Eu pauso. Sei de algo mais, também, mas acabei de perceber.
Logo antes de eu atacar Jeanine, ela disse, “Isso não é sobre você! Não é sobre mim!”
isso significa o que ela estava fazendo comigo – tentando encontrar uma simulação que funcionasse em mim. Nos Divergentes.
— Eu sei que tem algo a ver com os Divergentes — continuo. — Sei que a informação é sobre algo além da cerca.
— Isso não é a mesma coisa que saber o que está além da cerca.
— Bem, você vai me contar ou vai me fazer pular na sua cabeça para te obrigar?
— Eu não vim aqui para discussões autoindulgentes. E não, não irei dizer a você, mas não por que não quero. E sim porque não tenho ideia de como descrever para você. Você tem que ver por si mesma.
Enquanto ele fala, percebo a luz do sol ficar mais laranja do que amarelo, e lançando sombras mais escuras no rosto.
— Acho que Tobias talvez esteja certo — falo. — Você gosta de ser o único que sabe. Gosta de saber que eu não sei. Faz você se sentir importante. É por isso que você não me conta, não porque é indescritível.
— Isso não é verdade.
— Como eu deveria saber disso?
Marcus encara e eu encaro de volta.
— Uma semana antes do ataque com a simulação, os líderes da Abnegação decidiram que era hora de revelar a informação no arquivo para todos. Todos, na cidade inteira. O dia em que pretendíamos fazer a revelação era aproximadamente sete dias depois do ataque. Obviamente, nós não pudemos fazer isso.
— Ela não queria que vocês revelassem o que tem além da cerca? Por que não? Como ela descobriu isso, em primeiro lugar? Pensei que você houvesse dito que somente os lideres da Abnegação sabiam.
— Não somos daqui, Beatrice. Fomos colocados neste lugar, com um propósito específico. Um tempo atrás, a Abnegação foi forçada a contar com a ajuda da Erudição para atingir esse propósito, mas eventualmente tudo deu errado por causa de Jeanine. Por que ela não quer fazer o que supostamente devemos fazer. Ela preferiu recorrer ao assassinato.
Colocados neste lugar.
Meu cérebro se sente tonto com a informação. Eu agarro a borda do banco debaixo de mim.
— O que supostamente devemos fazer? — pergunto, minha voz quase um sussurro.
— Eu te disse o suficiente para convencer você de que não sou mentiroso. Quanto ao resto, me acho verdadeiramente inadequado para a tarefa de lhe explicar. Eu só disse a você tudo isso porque a situação ficou extrema.
Extrema. De repente, eu entendo o problema. Os sem facção planejam destruir, não só as figuras importantes na Erudição, mas todos os arquivos que eles têm. Eles vão destruir tudo.
Nunca pensei que aquele plano fosse uma boa ideia, mas sabia que poderíamos voltar, porque a Erudição ainda sabe as informações relevantes, mesmo que não tenham os arquivos. Mas isso é algo que até o Erudito mais inteligente não sabe; algo que, se tudo for destruído, não podemos duplicar.
— Se eu te ajudar, eu traio Tobias. Eu irei perdê-lo — engulo em seco. — Então você tem que me dar uma boa razão.
— Fora o bem de todos na sociedade? — Marcus enruga o nariz com desgosto. — Não é o suficiente para você?
— Nossa sociedade está em pedaços. Então não, não é.
Marcus suspira.
— Seus pais morreram por você, é verdade. Mas a razão de sua mãe estar no quartel da Audácia na noite em que quase fomos executados não foi para te salvar. Ela não sabia que você estava lá. Ela estava tentando resgatar o arquivo de Jeanine. E quando ouviu que você estava prestes a morrer, ela correu para te salvar, deixando o arquivo nas mãos de Jeanine.
— Não foi o que ela me disse — replico com fervor.
— Ela estava mentindo. Por que precisava mentir. Mas Beatrice, o ponto é… o ponto é que, sua mãe sabia que ela provavelmente não sairia do quartel da Audácia viva, mas ela precisava tentar. Esse arquivo era algo pelo qual ela estava disposta a morrer. Entende?
A Abnegação está disposta a morrer por qualquer pessoa, amigo ou inimigo, se a situação pedir. É por isso, talvez, que eles achem difícil sobreviver em situações de vida ou morte. Mas há poucas coisas pelas quais estão dispostos a morrer. Eles não valorizam muitas coisas no mundo físico.
Então, se ele estiver dizendo a verdade, e minha mãe realmente estava disposta a morrer para a informação vir a publico... Eu faria qualquer coisa para atingir o objetivo no qual ela falhou.
— Você está tentando me manipular. Não está?
— Eu suponho — ele diz, enquanto as sombras passam por seus olhos como água negra — que isso seja algo que você deve decidir por si mesma.

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