terça-feira, 25 de março de 2014

Capítulo 13 - Construindo a ponte

Acordou no domingo de manhã com uma tremenda dor de cabeça. Ainda estava muito cedo, mas se levantou. Queria ir tirar o leite. O pai estava fazendo a ordenha para ele desde a noite de quinta-feira, mas Jess estava com vontade de retomar essa tarefa, para ver se de alguma forma começava a deixar as coisas serem normais novamente.
Teve que prender o P.T. e os ganidos do cachorro o fizeram lembrar de May Belle, piorando ainda mais sua dor de cabeça. Mas não podia deixar o P.T. latindo em volta de Miss Bessie enquanto tentasse ordenhá-la.
Ninguém ainda tinha acordado quando trouxe o leite, e ele se serviu sozinho, de um copo morno e umas fatias de pão. Queria recuperar as tintas, e resolveu ir até lá ver se conseguia encontrá-las. Soltou o P.T. e deu ao cachorro um pedaço de pão.
Era uma linda manhã de primavera. As primeiras flores do campo estavam apontando pelo meio do verde profundo, e o céu estava límpido e azul. O nível do riacho baixara bastante, o barranco se destacava de novo, e tudo parecia menos aterrorizante do que antes. Um tronco de árvore, ou um galho grande e grosso, fora arrastado até a margem, e Jess o colocou sobre o trecho mais estreito do riozinho, fazendo uma pinguela que ia de uma margem a outra.
Pisou sobre ele e experimentou, viu que estava firme. Então, atravessou para o outro lado, com cuidado, um pé depois do outro, se segurando nos galhos menores que saíam do tronco, para ajudar a se equilibrar. Olhou bem e não viu nem sinal das tintas.
Estava ligeiramente mais acima de Terabítia, se é que aquilo ainda era Terabítia. E se é que se podia entrar lá passando por cima de um tronco, em vez de balançando numa corda velha.
Do outro lado, sozinho, o P.T. gania, de dar dó. Mas depois o cachorrinho criou coragem e atravessou o riozinho nadando. A correnteza o carregou e ele foi parar mais adiante de Jess, porém conseguiu subir até a margem com segurança e correu de volta, se sacudindo e jogando grandes gotas de água fria em cima do menino.
Foram para o castelo-fortaleza. Estava escuro e úmido, mas não havia nada que indicasse que a rainha tinha morrido. Jess sentiu necessidade de fazer algo adequado. Mas Leslie não estava ali para lhe dizer o que podia ser.
A raiva que o possuíra na véspera brotou de novo. “Leslie, eu sou um burro e você sabe disso! O que é que eu tenho que fazer?”
O frio lá de dentro dele subia por sua garganta, apertando tudo. Engoliu algumas vezes. Ocorreu-lhe que provavelmente estivesse com câncer na garganta. Não era um dos sete sinais mortais? “Dificuldade de engolir.” Começou a suar. Não queria morrer. Deus do céu, só tinha dez anos. Mal tinha começado a viver.
“Leslie, você ficou com medo? Você sabia que estava morrendo? Ficou com medo, como eu estou?” Uma imagem de Leslie sendo sugada pela água fria cruzou por sua cabeça.
— Vamos, Príncipe Terriano — chamou, em voz alta. — Temos que fazer uma guirlanda fúnebre para nossa rainha.
Sentou-se no espaço limpo entre a margem e a primeira fileira de árvores, e curvou um galho de pinheiro até fazer um círculo com ele, amarrando bem firme, com um pedaço de barbante que tinha no castelo. E como o círculo verde tinha uma aparência meio fria, Jess foi recolhendo pelo chão da floresta tudo o que podia considerar como belezas da primavera e, cuidadosamente, foi enfeitando as agulhas de pinheiro com elas.
Pôs a guirlanda no chão, à sua frente. Um passarinho veio voando, um cardeal, de topete vermelho e brilhante, e pousou ali perto, como se estivesse contemplando sua obra. O P.T. deu uma rosnadinha que quase parecia um ronronar. Jess apoiou a mão no cachorro, para acalmá-lo.
O passarinho saltitou por ali durante mais alguns instantes, depois voou e foi embora, tranquilamente.
— É um sinal dos Espíritos — disse Jess, baixinho. — Fizemos uma oferenda digna.
Saiu andando devagar, como se estivesse numa procissão, apesar de apenas o cachorro estar ali para vê-lo. Lentamente, foi carregando a guirlanda da rainha para o bosque sagrado. Obrigou-se a ir bem lá dentro, no centro escuro do bosque, onde se ajoelhou e depositou a guirlanda sobre o espesso tapete de agulhas douradas.
— Pai, em Tuas mãos eu entrego o espírito dela.
Sabia que Leslie teria gostado daquelas palavras. Tinham em si a aura do bosque sagrado.
A procissão solene deu meia-volta e atravessou o bosque sagrado em direção ao castelo. Como um pássaro solitário no meio de um céu de tempestade, uma paz pequenininha e frágil começou a bater as asas pelo meio do caos no interior de seu corpo.
— Socorro! Jess! Me ajude!
Um grito sacudiu o silêncio. Jess correu, ao som do choro de May Belle. Ela tinha chegado até o meio da pinguela feita com o tronco da árvore, e agora estava ali parada, se agarrando nos galhos de cima, aterrorizada, com medo de se mexer, de seguir adiante ou de voltar.
— Tudo bem, May Belle — disse ele, com uma calma mais aparente que real. — Fique firme. Vou te buscar.
Não sabia se o tronco aguentava o peso dos dois ao mesmo tempo. Olhou a água lá embaixo. Já tinha baixado, devia estar dando pé, ele talvez pudesse atravessar o riacho pisando no fundo, mas a correnteza ainda era fortíssima. Podia derrubá-lo e arrastá-lo, e aí? Resolveu ficar mesmo com o tronco.
Foi avançando aos pouquinhos, até chegar bem perto da irmã, podendo tocá-la. Agora tinha que fazer com que ela recuasse, e chegasse ao outro lado do riacho, mais perto de casa.
— Tudo bem — disse. — Agora vá chegando pra trás.
— Não consigo!
— Eu estou aqui, May Belle, com você. Acha que vou deixar você cair?
Estendeu a mão direita e continuou, para acalmá-la:
— Vamos, segure minha mão e vá deslizando de lado, com os pés em cima do tronco.
Ela soltou a mão esquerda um instantinho e imediatamente agarrou o galho de novo.
— Ai, Jess, não consigo, estou morrendo de medo!
— É claro que você está com medo. Qualquer um ia estar com medo. Mas você tem que confiar em mim, está certo? Eu não vou deixar você cair, May Belle, prometo.
Ela concordou, ainda com os olhos arregalados de tanto medo, mas soltou o galho e pegou a mão dele, se esticando um pouco e tentando se equilibrar. Ele a agarrou com firmeza.
— Pronto, ótimo! Não é longe. Vá só deslizando o pé direito devagar, aos pouquinhos, depois encoste o pé esquerdo nele.
— Não sei bem qual é o direito.
— É o da frente — disse ele, com paciência. — O que fica mais perto lá de casa.
Ela concordou de novo e, obediente, moveu o pé direito alguns centímetros.
— Agora solte a outra mão do galho, e vai me segurando com força.
Ela soltou o galho e apertou a mão dele.
— Muito bem. Você está fazendo direitinho. Agora vamos, chegue mais um pouquinho para lá.
Ela quase perdeu o equilíbrio, mas não gritou, só cravou as unhas na palma da mão dele.
— Muito bem, assim... Você está indo muito bem.
A voz dele estava calma, tranquila, como a do pessoal daquele seriado Plantão médico. Mas, por dentro, o coração batia mais que um tambor.
— Vamos, mais um pouquinho. Assim...
Quando finalmente o pé direito dela chegou até a parte do tronco que estava apoiada na margem, ela caiu para a frente e o levou junto.
— Cuidado, May Belle!
Ele perdeu o equilíbrio e caiu, não dentro do riacho, mas com o peito por cima das pernas de May Belle, enquanto suas próprias pernas ficavam penduradas, balançando no vazio por cima da água.
— Epa! — riu, aliviado. — O que é que você estava querendo fazer, menina? Queria me matar?
Ela sacudiu a cabeça solenemente:
— Eu sei que jurei em cima da Bíblia que nunca mais ia te seguir, mas quando acordei hoje de manhã você não estava lá.
— Eu tinha que fazer umas coisas.
Ela estava raspando a lama das pernas nuas e acrescentou, abaixando a cabeça:
— Só queria te encontrar, ir para perto, para você não ficar tão sozinho. Mas fiquei com muito medo.
Ele se arrastou por cima do tronco até sentar perto dela. Ficaram vendo o P.T., que nadava para atravessar o riozinho. A corrente o puxava, com muita força, mas ele parecia não ligar. Depois, subiu o barranco, bem abaixo da macieira velha, e veio correndo de volta até perto deles.
— Todo mundo tem medo de vez em quando, May Belle. Você não precisa se envergonhar.
Num relance, lembrou do olhar de Leslie quando ela estava entrando no banheiro das meninas para ir falar com Janice Avery.
— Todo mundo sente medo... — repetiu. — O P.T. não sente, e ele até viu quando a Leslie...
— Com cachorro é diferente. É como se, quanto mais inteligente, mais a gente tivesse medo.
Ela olhou para ele, incrédula:
— Mas você não teve medo.
— Você é que pensa, May Belle. Eu estava tremendo que nem gelatina.
— Você está dizendo isso só pra me enganar.
Ele riu. Não podia deixar de ficar contente porque ela não acreditava nele.
Levantou-se e ajudou a irmã a ficar de pé.
— Vamos comer.
E deixou que ela passasse na sua frente, na corrida para casa.

* * *

Quando entrou na sala de aula, viu que a senhora Myers já tinha mandado tirar a carteira de Leslie lá da frente. É claro que na segunda-feira Jess já sabia. Mesmo assim, lá no fundo, quando chegou no ponto do ônibus, olhou como se ainda tivesse uma vaga esperança de que a amiga viesse correndo pelo campo, com aquele seu jeito lindo e ritmado de correr. Talvez ela já estivesse na escola – Bill podia tê-la levado de carro, como às vezes fazia quando ela perdia o ônibus. Mas quando entrou na sala, Jess viu que a carteira dela não estava mais lá. Por que todo mundo estava com tanta pressa de se livrar dela? Apoiou a cabeça na carteira, sentindo o corpo gelado e pesado.
Podia ouvir o som dos cochichos, mas não as palavras. Não que fizesse a menor questão de ouvir as palavras. De repente, ficou com vergonha por ter pensado que podia ser olhado com respeito pelos outros. Tentando se aproveitar da morte de Leslie.
“Eu queria ser o melhor – o mais rápido – ganhar as corridas todas na escola... e agora, sou.” Deus do céu, tinha nojo de si mesmo. Não ligava para o que os outros dissessem ou pensassem, desde que o deixassem em paz... desde que não tivesse que falar com ninguém, cruzar com nenhum olhar. Todos eles tinham detestado Leslie.
Talvez só com exceção de Janice. Mesmo depois que desistiram de implicar com Leslie e de tentar que ela se sentisse infeliz, ainda continuaram a desprezá-la. Como se algum deles fosse capaz de valer, pelo menos, a unha do dedinho do pé de Leslie. E até mesmo ele tinha alimentado aquele pensamento traidor, de que agora ia ser o mais rápido.
A senhora Myers latiu a ordem para todos ficarem de pé para a chamada e a cerimônia de volta às aulas. Ele não se mexeu. Nem sabia se era porque não conseguia ou porque não queria – mas a verdade é que estava pouco se importando.
Afinal de contas, o que é que ela podia fazer contra ele?
— Jesse Aarons. Saia da sala, por favor.
Ele levantou o corpo de chumbo e se arrastou para o corredor. Achou que ouviu Gary Fulcher prendendo o riso, mas não tinha certeza. Encostou na parede e esperou Myers Boca-de-Monstro acabar de cantar o Hino Nacional e vir falar com ele. Ouviu que ela estava mandando a turma fazer algum trabalho qualquer, antes de sair e fechar a porta com cuidado.
“Tudo bem, pode atirar, eu não me importo.”
Ela se aproximou dele, tão perto que dava para sentir o perfume barato da maquiagem que usava.
— Jesse — disse, numa voz mais doce do que a de sempre, mas ele não respondeu.
Podia gritar à vontade. Ele estava acostumado.
— Jesse — repetiu ela. — Eu só queria lhe dar os pêsames, sinceramente.
As palavras eram como as de um cartão impresso, desses que a gente compra pronto. Mas o tom era diferente.
Levantou a cabeça e a encarou, apesar de contrariado. Atrás dos óculos arrebitados, os olhos apertados da senhora Myers estavam cheios de lágrimas. Por um minuto, achou que ele também ia chorar. Ele e a senhora Myers parados no corredor do porão, chorando por causa de Leslie Burke.
Era tão esquisito que quase caiu na gargalhada.
— Quando meu marido morreu... — começou ela, enquanto Jesse mal conseguia imaginar que ela um dia teve um marido — ... as pessoas ficavam me dizendo para não chorar, tentando me ajudar a esquecer.
A senhora Myers amando, chorando por alguém de quem ela gostava... Dava para imaginar?
— Mas eu não queria esquecer — continuou ela, tirando o lenço de dentro da manga e assoando o nariz. — Desculpe, mas hoje de manhã quando entrei na sala, vi que já tinham tirado a carteira dela...
Parou e assoou o nariz de novo.
— É que... bom... nós... eu nunca tive uma aluna como ela. Em todos os anos em que dei aula. Vou ter que dar graças a Deus...
Ele queria consolá-la. Queria retirar todas as coisas que tinha dito dela... e até retirar todas as coisas que Leslie tinha dito. Deus do céu, não deixe que ela descubra, nunca.
— Por isso... eu entendo. Se está sendo difícil para mim, imagino como deve ser muito pior para você. Vamos nos ajudar mutuamente, nós dois, está bem?
— Sim, senhora.
Ele não conseguia pensar em mais nada para dizer. Talvez algum dia, quando crescesse, pudesse escrever uma carta a ela e dizer como Leslie Burke achava que ela era uma ótima professora, alguma coisa assim. Leslie não ia se incomodar. Algumas vezes, como na caso da boneca Barbie, a gente tem que dar às pessoas alguma coisa para elas, não só o que faz a gente se sentir bem por estar dando o presente. Porque a senhora Myers já o tinha ajudado, quando entendeu que ele jamais esqueceria Leslie.
Pensou nisso o dia inteiro. Lembrou como, antes de Leslie chegar, ele se sentia um nada – um garotinho esquisito e bobo, que fazia uns desenhos engraçados e corria atrás de uma vaca no meio do pasto, fazendo de conta que era grande – o tempo todo tentando esconder uma porção de medinhos idiotas soltos dentro de si mesmo.
Leslie foi quem o tinha tirado do pasto e o tinha levado para Terabítia, onde fez dele um rei. E ele tinha achado que isso era tudo.
Ser rei não era a melhor coisa que alguém podia ser? Mas agora lhe ocorria que talvez Terabítia fosse uma espécie de castelo antigo, onde se ia para ser sagrado cavaleiro numa cerimônia solene. Mas depois que o cavaleiro ficasse lá por algum tempo, e estivesse mais forte, era preciso que seguisse adiante. Afinal de contas, mesmo em Terabítia, Leslie não tentara expandir as paredes de sua mente e olhar muito mais longe, para o mundo lá fora – brilhante, enorme, terrível, bonito e muito frágil? (Cuide de tudo, mesmo dos predadores.)
Agora, era a hora de ele seguir em frente. Ela não estava ali, então Jess tinha que continuar, pelos dois. Era a vez dele devolver ao mundo, em beleza e carinho, o que Leslie lhe emprestara em visão e força.
Quanto aos terrores que o esperavam mais adiante – porque não se enganava, achando que todos tinham ficado para trás – bem, só se pode mesmo é encarar o medo e não deixar que ele faça da gente um bagaço. Não é isso, Leslie?
Isso mesmo.

* * *

Bill e Judy voltaram da Pensilvânia na quarta-feira, com um caminhão de mudanças. Era assim mesmo. Ninguém se demorava muito tempo na velha casa dos Perkins.
— Nós viemos viver no campo por causa dela. Mas agora que ela se foi...
Deram a Jesse todos os livros de Leslie e o estojo de pintura, com três blocos de papel de aquarela, de verdade.
— Ela gostaria de te dar isso — disse Bill.
Jess e o pai ajudaram a carregar as coisas para dentro do caminhão. Ao meio-dia, a mãe dele trouxe uns sanduíches de presunto e café, um pouco com medo de que os Burkes não quisessem comer sua comida, mas precisando fazer alguma coisa por eles, Jess sabia.
Quando, afinal, o caminhão ficou cheio, os dois casais ficaram meio sem jeito, se olhando, sem saber como se despedir.
— Bom... — disse Bill. — Se houver alguma coisa que vocês queiram, do que ainda ficou na casa, por favor, fiquem à vontade para pegar.
— Posso pegar um pouco daquela madeira na varanda dos fundos? — pediu Jess.
— Claro que pode. O que quiser, qualquer coisa — disse Bill.
Hesitou um pouco e acrescentou, com um ar de criança pedindo alguma coisa:
— Eu tinha pensado em lhe dar o P.T., mas... acho que não estou conseguindo me separar dele.
— Tudo bem. Leslie ia gostar de saber que ele ficou com vocês.

* * *

No dia seguinte, depois que voltou da escola, Jess foi até lá e pegou toda a madeira que queria, levando tudo aos poucos, de duas em duas tábuas, até a margem do riacho. Ajeitou com cuidado as duas pranchas maiores e as prendeu com firmeza, de um lado para o outro, no trecho mais estreito, acima da macieira. Quando teve certeza de que estavam bem firmes, e bem niveladas, começou a pregar as outras tábuas, atravessadas.
— Que é que você tá fazendo, Jess? — perguntou May Belle, que o seguira, como Jess achava que ela ia fazer.
— É segredo, May Belle.
— Me conta...
— Quando ficar pronto, está bem?
— Eu juro em cima da Bíblia que não conto a ninguém. Nem a Billy Jean, nem a Joyce Ann, nem a mamãe...
Solenemente, ela sacudia a cabeça para cima e para baixo, com ênfase, a cada nome que dizia.
— Ah, não tenho muita certeza sobre Joyce Ann. Pode ser que você queira contar a ela algum dia.
— Contar a Joyce Ann uma coisa que é um segredo só de nós dois?
A ideia parecia horrorizá-la.
— É... achei que um dia...
O rosto dela ficou sério.
— Mas Joyce Ann é uma pirralha.
— É. No começo, ela não ia poder ser rainha. Você ia ter que ensinar a ela, treinar bem, essas coisas.
— Rainha? Quem vai ser rainha?
— Eu explico quando acabar, está bom?
E quando acabou, enfeitou o cabelo da irmã com flores e a conduziu por cima da ponte – a grande ponte para Terabítia – que era secreta, e para alguém que olhasse sem magia podia até parecer só uma construção com umas tábuas, por cima de um riacho quase seco.
— Pssssiu... — disse ele. — Veja.
— Onde?
— Não está vendo? — cochichou. — Todos os habitantes de Terabítia estão nas pontas dos pés para te verem melhor.
— Eu?

— Você mesma. Corre um boato por aí, de que a linda menina que vem hoje pode ser a rainha que eles estão esperando.

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