sábado, 29 de março de 2014

Capítulo 15

Dan pensou que Nellie fosse matá-los. Nunca tinha visto o rosto dela naquele tom de vermelho antes.
— Vocês fizeram o quê? — Ela andava de lá para cá no minúsculo quarto do hotel. —Duas horas, vocês disseram. Duas horas. E eu fiquei parada na frente do hotel, tipo,infinito, e vocês não vieram. Vocês não ligaram. Eu achei que vocês tinham morrido!
Ela sacudia enfaticamente o iPod, e os fones soltos dançavam pelo ar.
— Nosso telefone não funcionou — Amy disse num tom inocente.
— Tivemos um contratempo — Dan acrescentou. — Tinha uma granada de concussão, uma betoneira e uma pilha. E um pão.
Dan tinha quase certeza de que aquilo cobria todos os detalhes importantes, mas Nellie parecia não ter entendido.
— Comecem do começo — ela disse. — E chega de mentiras.
Talvez tenha sido só porque estava cansado demais para mentir, mas Dan contou a ela a história inteira, até mesmo sobre as 39 pistas, enquanto Amy complementava os detalhes que ele esquecia.
— Então vocês quase morreram — Nellie disse numa voz baixinha. — Aqueles cretinos iam jogar cimento em vocês.
— Talvez fosse só um cimentinho — Dan disse.
— Vocês lembram o que estava escrito na lápide? — Nellie perguntou.
Dan não sabia nada de francês, mas memorizara automaticamente as palavras da placa de mármore, e as repetiu para Nellie.
— “Aqui jazem Amy e Dan Cahill” — ela traduziu — “que meteram o nariz nos negócios dos outros”.
— Foi culpa de Irina Spasky! — disse Dan. — Ela nos enganou pra irmos até lá. Foi tudo armação dela, desde o início.
— E não temos nem como te pagar — Amy acrescentou, desconsolada. — Não temos nem dinheiro suficiente para voltar para casa. Eu... eu sinto muito mesmo, Nellie.
Nellie ficou imóvel. Sua sombra de olho com glitter era vermelha hoje, o que fazia seus olhos parecerem ainda mais furiosos. Seus braços estavam cruzados na frente da camiseta, que mostrava uma foto de um roqueiro punk gritando. Ela parecia bem assustadora. Então agarrou Amy e Dan e os abraçou com força.
Ela se ajoelhou para olhá-los nos olhos.
— Ainda tenho crédito sobrando no meu cartão. Vamos ficar bem.
Dan estava confuso.
— Mas... você não vai matar a gente?
— Eu vou ajudar vocês, seu besta — Nellie sacudiude leve os ombros dele. — Ninguém vai mexer com vocês enquanto eu for a babá.
— Enquanto você for a au pair — Dan corrigiu.
— Tanto faz! Agora é bom vocês dormirem. Amanhei vamos estapear umas pessoas sem noção.

***

Maison des Gardons não significava “casa dos jardins”. Pelo jeito, gardons devia significar “baratas”. Dan imaginou isso porque ouviu perninhas rastejando no chão a noite inteira. Ele desejou que Saladin estivesse ali. O gato se divertiria muito brincando de caçador.
De manhã, todos estavam com olheiras, mas tomaram banho e trocaram de roupa. Nellie voltou do café da esquina com chocolate quente para Dan e Amy, café para ela epain au chocolat para todos. Dan achou que um país que comia chocolate no café da manhã não podia ser tão ruim.
— Então — disse Dan — posso pegar mais umas granadas hoje?
— Não! — Amy respondeu. — Dan, foi sorte sua que era só uma granada de concussão. Você podia ter dizimado toda a família Holt.
— E isso teria sido ruim por que mesmo?
— Ok, agora chega — disse Nellie. — O importante é que vocês estão em segurança.
Amy cutucou seu croissant. Ela estava pálida. Seu cabelo estava todo emaranhado.
— Dan, desculpa por ontem à noite. Eu... eu entrei em pânico. Quase morremos por minha culpa.
Dan já tinha quase esquecido essa parte. Ele tinha ficado chateado com ela na hora, mas era difícil continuar bravo quando Amy fazia aquela cara de coitada e pedia desculpa. Além disso, ela tinha feito aquela coisa legal com a pilha, que compensou o fato de ela ter entrado em pânico.
— Não encana com isso — ele disse.
— Mas se acontecer de novo...
— Ei, se deixarmos Irina nos atrair para uma armadilha outra vez, somos mais burros que os Holt.
Amy não parecia muito consolada.
— O que eu não entendo é o homem de preto. Por que ele estava lá ontem à noite? E se os Holt causaram o incêndio e armaram a explosão no museu...
— Então o que o homem de preto estava fazendo nos dois lugares? — Dan concluiu. — E por que Irina tinha uma foto dele?
Ele esperou que Amy soltasse um “ah, eu já fiz um trabalho sobre isso”, mas ela só continuou olhando feio para o café da manhã.
— Talvez seja melhor vocês se concentrarem em pensar aonde vamos agora — aconselhou Nellie.
Amy respirou fundo.
— Acho que eu sei aonde ir. Dan, posso usar seu computador?
Ele olhou de um jeito estranho para ela, pois Amy não gostava de computadores. Mas por fim o entregou para a irmã, que começou a procurar alguma coisa na internet.
Depois de pouco tempo de pesquisa, ela deu um sorriso e virou a tela para eles verem. A foto mostrava uma pilha de ossos numa sala escura de pedra.
— Faz um tempo que eu tenho essa suspeita — disse Amy — só que eu estava torcendo para estar errada porque é perigoso. O Labirinto dos Ossos. Era isso que dizia a anotação de mamãe no Almanaque do Pobre Richard. Precisamos explorar as Catacumbas.
— As gatacumbas? É onde eles guardam os gatos? — Dan perguntou.
Parecia uma pergunta perfeitamente razoável para ele, mas Amy fez cara de “como você é burro”.
— As Catacumbas são um labirinto subterrâneo — ela explicou. — Eu te disse que Paris é repleta de cavernas e túneis, não disse? Todo o calcário que eles usaram para construir a cidade, desde os tempos do Império Romano, foi retirado de debaixo da terra, deixando toda uma rede de espaços vazios. Alguns são apenas buracos, como aquele em que caímos ontem.
— E alguns são redes de túneis — disse Nellie. — Pois é, eu lembro de ter ouvido falar disso. E eles são cheios de ossos, né?
— Eu quero um quarto decorado com ossos! — disse Dan. — De onde os ossos vieram?
— De cemitérios — disse Amy. — No século XVIII, os cemitérios estavam lotados demais, por isso eles decidiram desenterrar um monte de corpos antigos – todos os ossos deles – e transferi-los para as Catacumbas. O ponto é... olhe as datas. Está vendo quando eles começaram a transferir ossos para as Catacumbas?
Don olhou para a tela espremendo os olhos. Não entendia do que ela estava falando.
— Foi no meu aniversário?
— Não, besta. Olhe. 1785. A inauguração oficial foi só no ano seguinte, mas eles começaram a planejar o projeto e a transportar os ossos em 1785. Que também foi o último ano em que Benjamin Franklin esteve em Paris.
— Nossa. Você quer dizer que...
— Ele escondeu alguma coisa ali embaixo.
O silêncio foi tanto que Dan conseguiu ouvir baratas andando dentro do armário.
— Então — disse Nellie — temos que entrar num labirinto subterrâneo cheio de ossos e encontrar... alguma coisa.
Amy confirmou com a cabeça.
— Só que as Catacumbas são enormes. Não sabemos nem onde começar a procurar. A única coisa que eu consigo pensar é que... tem uma única entrada pública. Aqui diz que fica em frente à estação de metrô Denfert-Rochereau.
— Mas se essa é a única entrada pública — Dan disse — então as outras equipes também vão para lá. Estão todos roubando o Almanaque uns dos outros. Eles vão acabar descobrindo o que é o Labirinto dos Ossos, isso se já não descobriram.
— Por mim tudo bem — Nellie limpou da camisa as migalhas de chocolate e pão. — Vamos lá encontrar sua família.
A mochila de Dan estava muito mais leve hoje, mas, antes de sair, ele conferiu se a foto de seus pais ainda estava em segurança no bolso lateral. A mãe e o pai estavam bem onde ele os deixara: na folha plástica do álbum de fotos, sorrindo no topo da montanha, como se não tivessem se importado nem um pouco em dividir o espaço com uma pilha de Franklin e uma granada.
Dan se perguntou se os pais ficariam orgulhosos por ele ter saído daquele buraco ontem à noite ou se ficariam superprotetores como Amy: Você quase morreu, blá-blá-blá. Chegou à conclusão de que eles não teriam encanado tanto. Provavelmente os dois tinham enfrentado um monte de aventuras perigosas. Quem sabe a casa em que viviam também tinha um arsenal, antes de ser destruída pelo incêndio.
— Dan! — Amy chamou. — Saia do banheiro agora. Vamos!
— Estou indo! — ele gritou. Dan olhou mais uma vez para os pais. — Valeu pela anotação sobre o Labirinto dos Ossos, mãe. Não vou decepcionar você!
Ele pôs a foto de volta na mochila e foi para junto de Amy e Nellie.

***

Não fazia nem dois minutos que eles tinham saído da estação de metrô Denfert-Rochereau quando avistaram o tio Alistair. Era meio difícil não o ver: ele vestia um terno vermelho-cereja e uma gravata amarelo-canário, e balançava na mão sua bengala com ponta de diamante. O velho homem veio andando alegre na direção deles, sorrindo de braços abertos. Quando ele chegou mais perto, Dan percebeu que ele tinha um olho roxo.
— Minhas crianças queridas!
Nellie deu uma mochilada na cabeça dele.
— Ai! — tio Alistair se curvou para a frente, pondo a mão no olho que não estava roxo.
— Nellie! — disse Amy.
— Foi mal — Nellie resmungou. — Achei que ele fosse um dos vilões.
— Ele é — concordou Dan.
— Não, não. — Alistair tentou sorrir, contudo só o que conseguiu foi fazer careta e piscar. Dan imaginou que o outro olho também fosse ficar roxo agora, graças àquela mochilada. A mochila de Nellie não era nada leve. — Crianças, por favor, vocês precisam acreditar em mim, eu não sou inimigo de vocês!
— Você roubou o livro de nós — disse Dan — e nos abandonou lá para morrermos!
— Crianças, eu admito. Achei que vocês tinham se perdido no incêndio. Eu mesmo quase não consegui escapar. Felizmente, encontrei um trinco que abria a porta. Eu chamei por vocês, mas vocês devem ter descoberto outra saída. Eu fiquei com oAlmanaque, é verdade. Não podia deixá-lo para trás. Admito que entrei em pânico quando saí da mansão. Temia que nossos inimigos ainda estivessem por perto ou que eu levasse a culpa por aquele incêndio terrível. Por isso fugi. Peço perdão.
Amy abrandou um pouco a careta, só que Dan não acreditou nem um pouco naquele cara.
— Ele esta mentindo! — disse Dan. — “Não confiem em ninguém”, lembra?
— Quer que eu bata nele de novo? — Nellie perguntou.
Tio Alistair se encolheu.
— Por favor, ouçam. As Catacumbas são bem ali — ele apontou para o outro lado da rua, uma construção simples de fachada preta. Letras brancas acima da porta diziam ENTRÉE DES CATACOMBES.
A rua em volta parecia normal. Prédios baixos de apartamentos, pedestres a caminho do trabalho. Era difícil acreditar que bem embaixo havia um labirinto de pessoas mortas.
— Preciso falar com vocês antes de entrarem — insistiu Alistair. — Só peço dez minutos. Vocês estão correndo um sério perigo.
— Sério perigo? — disse Dan. — E quando foi que nós não estivemos?
— Dan... — Amy pôs a mão no braço dele. — Talvez devamos ouvir o que ele tem a dizer. Dez minutos. O que temos a perder?
Dan podia pensar em muitas coisas, mas Alistair sorriu.
— Obrigado, minha querida. Tem um café bem aqui. Vamos?
Alistair estava pagando, por isso Dan pediu logo um almoço – um sanduíche de queijo e peru com batata frita e uma Coca grande, que por algum motivo bizarro foi servida num copo sem pedras de gelo. Nellie falou um tempão com o garçom em francês e pediu algum prato exótico. O garçom pareceu impressionado com a escolha dela, mas quando a comida chegou, Dan não sabia dizer o que era. Pareciam bolotas de massinha de modelar em manteiga de alho.
Numa voz triste, Alistair explicou como os Holt tinham armado uma emboscada para ele em frente ao aeroporto Charles de Gaulle e roubado o Almanaque do Pobre Richard.
— Aqueles bárbaros me acertaram no rosto e me quebraram uma costela. Estou mesmo ficando velho demais para esse tipo de coisa... — Ele pôs a mão em seus olhos inchados.
— Mas... por que todo mundo está se matando por esse livro? — Amy perguntou. — Não tem outro jeito de achar a pista? Como a mensagem invisível que encontramos na Filadélfia...
— Amy! — disse Dan. — Já ouviu falar em segredo?
— Está tudo bem, meu rapaz — disse Alistair. — Você tem razão, é claro, Amy. Existem muitos caminhos possíveis que levam à próxima pista. Por exemplo, encontrei uma mensagem cifrada num retrato famoso pintado por... Está aqui, vejam vocês mesmos.
Tio Alistair pôs a mão no casaco e tirou um papel. Ele desdobrou uma imagem colorida de uma pintura. Mostrava Benjamin Franklin como um velho homem de capa vermelha esvoaçante, sentado numa tempestade, o que parecia uma coisa meio idiota de se fazer. Havia alguns anjos pequeninos em volta dele – dois aos seus pés, mexendo com pilhas, e mais três bem atrás, empinando uma pipa com uma chave no fio. A chave disparava uma faísca na mão levantada de Ben, que não parecia achar ruim. Seus longos cabelos grisalhos estavam desgrenhados, como se ele estivesse acostumado a levar choques.
— Duvido que tenha acontecido assim — disse Dan — com os anjos e tudo o mais.
— Não, Dan — Alistair concordou. — É simbólico. O pintor, Benjamin West, queria retratar Franklin como um herói por colher o relâmpago do céu. Mas tem mais simbolismo do que eu achava, sinais tão bem escondidos que apenas um Cahill poderia descobri-los. Veja o joelho de Franklin.
Dan não viu nada além de um joelho, mas Amy levou um susto.
— Essa forma no tecido!
Dan espremeu os olhos e se deu conta do que ela estava falando. Parte do joelho de Franklin era pintada num tom mais claro de vermelho, mas não era uma mancha qualquer. Era uma silhueta que ele tinha visto muitas vezes antes.
— Nossa — ele disse. — O brasão dos Lucian.
Nellie espremeu os olhos.
— Isso? Parece uma daquelas mulheres de para-lama de caminhão.
— Não, são duas cobras em volta de uma espada — Amy disse. — Acredite em mim, se você tivesse visto o brasão dos Lucian, você reconheceria.
— Tem mais — continuou Alistair. — Vejam o papel que Franklin está segurando. Virem-no de cabeça para baixo. Ali, disfarçado com tinta branca, quase impossível de ler.
Dan nunca teria percebido se Alistair não tivesse dito, mas, quando olhou de perto, viu a sombra fraca de algo escrito no documento que estava na mão de Franklin.
— “Paris” — ele leu. — “1785”.
— Exatamente, meu rapaz: um retrato de Franklin com uma chave, o brasão da família Cahill e as palavras Paris, 1785. Uma dica substancial.
— Eu nunca teria encontrado isso — disse Amy, espantada.
Alistair deu de ombros.
— Como você disse, minha cara, existem muitas dicas possíveis, todas conduzindo à segunda pista. Infelizmente nós, os Cahill, preferimos brigar uns com os outros, roubar informações e impedir uns aos outros de avançar — ele mudou de posição e franziu o rosto — como mostram minha costela quebrada e meu olho roxo.
— Mas quem foi que enterrou originalmente estas dicas? — Amy perguntou. — Franklin?
Alistair tomou um gole de café.
— Não sei, meu bem. Imagino que seja uma mistura, um esforço coletivo feito por vários Cahill ao longo dos séculos. Nossa querida Grace parece ter juntado todas essas pistas, embora eu não saiba por quê, nem como. O que quer que seja o tesouro final, as maiores mentes Cahill não pouparam esforços para escondê-lo. Ou talvez, como no caso de Benjamin Franklin, algumas dessas mentes estão tentando justamente nos levar até o tesouro. Acho que só vamos saber ao certo quando nós o encontrarmos.
— Nós? — disse Dan.
— Ainda acho que devemos formar uma aliança — disse Alistair.
— Hã-hã — Nellie fez que não com a cabeça. — Não confiem nesse cara, crianças. A conversa dele é muito mole.
Alistair deu risada.
— E você por acaso é especialista em conversa molecara babá adolescente?
— Au pair! — Nellie corrigiu.
Alistair parecia querer fazer outra piada à custa dela. Então olhou para a mochila assassina e mudou de ideia.
— A questão, crianças, é que nossos concorrentes decidiram que vocês são a equipe que deve ser eliminada da busca.
— Mas por que nós? — Amy perguntou.
Alistair deu de ombros.
— Até agora vocês estiveram à frente da corrida. Escaparam de todas as armadilhas. Sempre foram os favoritos de Grace — seus olhos brilharam, como um homem faminto vendo um hambúrguer. — Sejamos sinceros, está bem? Nós todos achamos que Grace deu informações privilegiadas a vocês. Ela deve ter dado. Me digam o que é, e posso ajudá-los.
Dan cerrou os punhos. Lembrou-se daquele vídeo de Grace, de como ficara surpreso quando ela anunciou a busca. Grace deveria ter lhes dado informações privilegiadas. Se realmente os amasse, não os teria deixado no escuro como eles estavam. As outras equipes agora estavam atrás deles porque pensavam que Amy e Dan eram os favoritos de Grace. Mas pelo jeito ela não tinha se importado com eles. Os dois eram apenas outra equipe naquele grande e cruel jogo tramado por ela. Quanto mais ele pensava nisso, mais se sentia traído. Olhou para o colar de jade no pescoço de Amy. Sentiu vontade de arrancá-lo e jogá-lo fora. Seus olhos começaram a arder.
— Não temos informações privilegiadas — ele resmungou.
— Ora, vamos, rapaz! Vocês estão mesmo em perigo. Eu poderia protegê-los. Poderíamos vasculhar as Catacumbas juntos.
— Vamos procurar sozinhos — disse Dan.
— Como queira, meu rapaz. Mas saiba de uma coisa: as Catacumbas são imensas. São quilômetros de túneis. A maioria nem aparece nos mapas. É fácil se perder lá embaixo. Uma patrulha especial da polícia afasta os invasores. Alguns túneis estão inundados. Outros desabam de vez em quando. Procurar a pista de Franklin nas Catacumbas vai ser perigoso e inútil, a não ser... — Ele se inclinou para a frente e ergueu as sobrancelhas. — A não ser que vocês saibam de alguma coisa que não me contaram. OAlmanaque tinha uma anotação na margem. Mencionava coordenadas num quadrado. Vocês por acaso saberiam o que pode ser esse quadrado?
— Mesmo se soubéssemos — disse Dan — não contaríamos.
Amy tocou no colar de jade.
— Desculpa, tio Alistair.
— Entendo — Alistair se recostou na cadeira. — Admiro o espírito de vocês. Mas se eu quisesse... trocar informações? Tenho certeza de que vocês estão se perguntando sobre as anotações que sua mãe fez. Eu conhecia seus pais. Poderia explicar algumas coisas.
Dan sentiu como se o ar tivesse se transformado em vidro. Ele tinha medo de se mexer, como se, a qualquer movimento, pudesse se cortar.
— Que coisas?
Alistair sorriu, como se soubesse que tinha fisgado os dois.
— O interesse da sua mãe pelas pistas, talvez. Ou o que o seu pai realmente fazia da vida.
— Ele era professor de matemática — Amy disse.
— Hmmm — o sorriso de Alistair era tão irritante que Dan ficou tentado a mandar Nellie acertá-lo com a mochila outra vez. — Talvez vocês gostariam de saber mais sobre a noite em que eles morreram?
O sanduíche de peru e queijo revirou no estômago de Dan.
— O que você sabe sobre isso?
— Muitos anos atrás, sua mãe... — Alistair parou de repente. Seus olhos se fixaram em alguma coisa do outro lado da rua. — Crianças, teremos de continuar isto depois. Acho que vocês devem mesmo procurar sozinhos nas Catacumbas. Vou ficar atrás, como gesto de boa-fé.
— O que você quer dizer? — Dan perguntou.
Alistair apontou com sua bengala. Uns cem metros adiante na rua, Ian e Natalie Kabra estavam abrindo caminho na multidão, andando depressa em direção à entrada das Catacumbas.
— Vou detê-los pelo tempo que conseguir — Alistair prometeu. — Agora desçam logo!

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