sábado, 29 de março de 2014

Capítulo 13

Enquanto isso, dentro da van de sorvete, os Holt estavam estrangulando uns aos outros.
Madison estava nas costas de Hamilton, macetando a cabeça dele com uma caixa de picolé de chocolate. A mãe, Mary-Todd, tentava separá-los. Reagan e Arnold, o pit bull, brincavam de cabo de guerra com um pacote de sorvete de baunilha. Eisenhower, o exausto chefe da família, berrou:
— Parem! Batalhão, SENTIDO!
Hamilton e Madison se separaram e prestaram atenção ao pai, largando os picolés. Mary-Todd espanou a sujeira da roupa com as mãos, olhou feio para os filhos, depois se colocou na fila. Reagan segurou o sorvete de baunilha em posição de apresentar armas. Arnold rolou para o lado e se fingiu de morto.
— Muito bem! Eu não vou deixar que essa família se mate por causa de laticínios congelados!
— Mas pai... — balbuciou Reagan.
— Silêncio! Eu disse que vocês iam ganhar sorvete depois de concluirmos a missão. E isso não vai acontecer enquanto eu não receber um relatório!
— Pai, permissão para relatar! — disse Madison batendo continência.
— Prossiga.
— A escuta microfônica funcionou.
— Ótimo. Os pirralhos pegaram o livro?
Madison se mexeu um pouco, desconfortável.
— Não sei, senhor. Mas estão indo para o número 23 da Rua des Jardins, na ilha de Saint-Louis.
— Isso se você anotou o número certo desta vez — provocou Hamilton.
— Aquilo não foi culpa minha! — O rosto de Madison ficou vermelho.
— Nós caímos no rio Sena com o carro alugado!
— Ah, e as suas ideias são brilhantes, Hammy. Tipo aquela explosão idiota que acertou a equipe errada no museu! Ou o incêndio na mansão de Grace!
— Parem de gritar! — Mary-Todd berrou. — Crianças, não podemos ficar discutindo uns com os outros. Isso prejudica o espírito de equipe.
— Sua mãe tem razão — Eisenhower disse. — O incêndio na mansão e a bomba no museu foram ideias ruins. Devíamos ter pulverizado pessoalmente aqueles Cahill pentelhos!
Arnold latiu empolgado e tentou morder o nariz de Eisenhower.
Reagan franziu as sobrancelhas. Ela trocava o peso de um pé para o outro, incomodada.
— Mas... é... pai...
— Algum problema, Reagan?
— Bem, a explosão... Eles podiam ter morrido, né? — perguntou meio hesitante.
— Oh, de novo essa história! — disse Madison revirando os olhos. — Você está amolecendo, Reagan!
— Não estou! — ela gritou.
O rosto de Reagan ficou vermelho.
— Está sim!
— Quietas! — Eisenhower berrou. — Agora, todos, prestem atenção. Vamos ter que usar medidas drásticas para vencer esta busca. Não quero ver ninguém amolecendo! Entendido?
Ele olhou feio para Reagan, que olhava fixamente para o chão.
— Sim, senhor.
— Sabemos que Dan e Amy eram os favoritos de Grace — Eisenhower continuou. — O velho Mclntyre provavelmente está passando informações privilegiadas para eles. Agora os dois entraram na base Lucian antes de nós, enquanto tentávamos fazer espionagem, o que também foi uma má ideia! Nós vamos tolerar mais alguma ideia ruim?
— Não, senhor! — as crianças gritaram.
— Eles acham que não somos inteligentes — disse Eisenhower. — Acham que só sabemos mostrar os músculos. Ora, eles vão descobrir que sabemos fazer muito mais que isso! — Eisenhower mostrou seus músculos.
— Trabalho em equipe! — gritou Mary-Todd. — Certo, crianças?
— Sim, senhora! Trabalho em equipe!
— Arfíl — disse Arnold.
— Vejam — disse Eisenhower. — Temos que pegar aquele livro. Devemos supor que aqueles pirralhos estão com ele, ou sabem o que ele contém. Precisamos chegar à ilha de Saint-Louis, sem mergulhar com o carro dentro do rio! Quem vem comigo?
Mary-Todd e os filhos deram vivas. Então se lembraram do sorvete e as crianças voltaram a se estrangular.
Eisenhower deu um grunhido. Decidiu deixar que eles brigassem por um tempo. Talvez ajudasse a fortalecer o caráter.
A vida inteira as pessoas riram de Eisenhower pelas costas. Riram quando ele foi expulso da academia militar de West Point. Riram quando ele não passou no exame de admissão do FBI. Riram até daquela vez em que ele trabalhava como segurança, quando estava perseguindo um ladrão e sem querer disparou um choque na própria bunda. Um erro simples. Qualquer um podia ter feito isso.
Quando ganhasse aquele concurso, ele se tornaria o Cahill mais famoso de todos os tempos. Ninguém jamais riria da cara dele de novo.
Ele bateu com o punho na caixa registradora da van. Aqueles moleques Cahill estavam começando a dar nos nervos. Eram parecidos demais com os pais, Arthur e Hope. Eisenhower conhecera muito bem aqueles dois. Tinha velhas contas a acertar com os Cahill.
Em breve, Amy e Dan Cahill pagariam.

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