Decidimos seguir os trilhos do trem para a cidade, porque nenhum de nós é bom em navegação. Ando de madeira em madeira, Tobias se equilibra no trilho, oscilando apenas ocasionalmente, e Caleb e Susan cambaleiam atrás de nós. Eu estremeço a cada ruído não identificado, tensa até perceber que é apenas o vento, ou o barulho dos sapatos de Tobias no trilho. Eu gostaria que pudéssemos continuar correndo, mas é uma façanha que minhas pernas estejam até mesmo se movendo neste ponto.
Então ouço um gemido baixo nos trilhos.
Me curvo para baixo e pressiono minhas palmas para o trilho, fechando os olhos para me concentrar na sensação do metal sob minhas mãos. A vibração parece como um suspiro passando por meu corpo. Eu olho entre os joelhos de Susan pelos trilhos e não vejo luz de trem, mas isso não quer dizer nada. O trem poderia funcionar sem buzinas e sem lâmpadas para anunciar a sua chegada.
Eu vejo o brilho de um pequeno vagão de trem, muito longe agora, mas se aproxima rapidamente.
— Está vindo — eu digo. É um esforço levantar quando tudo que eu quero fazer é sentar, mas eu faço, escovando minhas mãos no meu jeans. — Acho que nós devemos pegar esse.
— Mesmo se for administrado pela Erudição? — Caleb pergunta.
— Se a Erudição estivesse administrando os trens, eles o teriam levado ao complexo da Amizade para nos procurar — Tobias diz. — Acho que vale a pena o risco. Nós vamos ser capazes de nos esconder na cidade. Aqui estamos apenas esperando que nos encontrem.
Todos nós saímos dos trilhos. Caleb dá a Susan instruções passo-a-passo de como pegar um trem em movimento, da maneira que só um ex-Erudito pode. Eu observo o primeiro vagão se aproximar; ouço o solavanco rítmico do vagão sobre os trilhos, o sussurrar da roda contra o trilho de metal.
À medida que o primeiro vagão passa por mim, eu começo a correr. Ignoro a queimação nas minhas pernas. Caleb ajuda Susan a subir em um vagão médio primeiro, e depois salta ele mesmo. Eu tomo uma rápida respiração e jogo o meu corpo para a direita, batendo no chão do vagão com minhas pernas balançando sobre a borda. Caleb pega meu braço esquerdo e me puxa para dentro. Tobias usa a alça para entrar depois de mim.
Eu olho para cima, e paro de respirar.
Olhos brilham na escuridão. Formas escuras sentadas no carro, mais numerosos do que nós.
Os sem facção.
+ + +
O vento assobia através do vagão. Todo mundo está de pé e armado – exceto Susan e eu, que não temos armas. Um homem sem facção com um tapa-olho tem uma arma apontada para Tobias. Eu me pergunto como ele a conseguiu.
Próximo a ele, uma senhora segura uma faca – do tipo que eu usava para cortar pão. Atrás dela, alguém tem uma tábua grande de madeira com um prego saindo dela.
— Nunca vi a Amizade armada antes — a mulher sem facção com a faca diz.
O homem sem facção com a arma parece familiar. Ele veste roupas esfarrapadas em cores diferentes – uma camiseta preta com um casaco rasgado da Abnegação sobre ela, jeans remendados com linha vermelha, botas marrons. Todas as facções estão representadas no grupo diante de mim: calças pretas da Franqueza combinadas com camisas pretas da Audácia, vestidos amarelos com moletons azuis sobre eles. A maioria dos itens está rasgada ou manchada de alguma forma, mas alguns não estão. Recentemente roubados, eu imagino.
— Eles não são da Amizade — o homem com a arma diz. — São Audácia.
Então o reconheço: ele é Edward, um companheiro que deixou a iniciação da Audácia depois que Peter o atacou com uma faca de manteiga. É por isso que ele usa um tapa-olho.
Lembro-me de segurar sua cabeça enquanto ele estava deitado no chão, gritando, e limpar o sangue que ele deixou para trás.
— Olá, Edward — eu digo.
Ele inclina a cabeça para mim, mas não abaixa a arma.
— Tris.
— Não importa o que você é — a mulher diz — você vai ter de sair deste trem se quiser permanecer viva.
— Por favor — diz Susan, o lábio tremendo. Seus olhos se enchem de lágrimas. — Estivemos correndo... e o resto deles está morto e eu não... — Ela começa a soluçar novamente. — Eu não acho que possa continuar, eu...
Tenho a vontade estranha de bater minha cabeça contra a parede. Soluços de outras pessoas me deixam desconfortável. É egoísta da minha parte, talvez.
— Estamos fugindo da Erudição — diz Caleb. — Se sairmos, será mais fácil para eles nos encontrarem. Então, apreciaríamos se nos deixassem ir até a cidade com vocês.
— Sim? — Edward inclina a cabeça. — O que você já fez por nós?
— Eu te ajudei quando ninguém mais teria — eu digo. — Lembra-se?
— Você, talvez. Mas os outros? — Edward pergunta. — Não muito.
Tobias dá um passo à frente, de modo que a arma de Edward está quase contra sua garganta.
— Meu nome é Tobias Eaton — Tobias diz. — Não acho que você quer me empurrar para fora deste vagão.
O efeito do nome nas pessoas no carro é imediato e desconcertante: eles baixam suas armas. Eles trocam olhares significativos.
— Eaton? Sério? — Edward pergunta, as sobrancelhas levantadas. — Eu tenho que admitir, não esperava por isso — ele limpa a garganta. — Tudo bem, você pode vir. Mas quando chegarmos à cidade, você tem que vir conosco.
Então ele sorri um pouco.
— Conhecemos alguém que está procurando por você, Tobias Eaton.
+ + +
Tobias e eu sentamos na borda do vagão com nossas pernas balançando.
— Você sabe quem é?
Tobias confirma.
— Quem, então?
— É difícil de explicar — ele diz. — Eu tenho muito a dizer a você.
Eu me inclino contra ele.
— Sim — respondo. — Assim como eu.
Eu não sei quanto tempo passa antes que eles nos digam para sair. Mas quando eles o fazem, estamos na parte da cidade onde os sem facção vivem, a cerca de um quilômetro e meio de onde eu cresci. Reconheço cada construção que passamos de quando eu andei por ela, nas vezes que perdi o ônibus da escola para casa. Aquela com os tijolos quebrados. A com um poste caído inclinando-se contra ela.
Estamos na porta do carro do trem, todos os quatro em uma linha. Susan choraminga.
— E se nós nos machucarmos? — ela pergunta.
Eu pego sua mão.
— Nós vamos saltar em conjunto. Você e eu. Eu fiz isso uma dúzia de vezes e nunca me machuquei.
Ela balança a cabeça e aperta meus dedos com tanta força que dói.
— No três. Um — eu conto — dois. Três.
Eu pulo, e a puxo comigo. Meus pés batem no chão e continuam para frente, mas Susan apenas cai no pavimento e rola para o lado. Fora um joelho arranhado, porém, ela parece estar bem. Os outros saltam sem dificuldade – até mesmo Caleb, que saltou de trem apenas uma vez antes, tanto quanto sei.
Eu não tenho certeza de quem poderia conhecer Tobias entre os sem facção. Poderia ser Drew ou Molly, que não passaram na iniciação Audácia – mas eles nem sabiam o verdadeiro nome de Tobias, e, além disso, Edward provavelmente os teria matado agora, julgando pela forma como ele estava pronto para atirar em nós. Deve ser alguém da Abnegação, ou da escola.
Susan parece ter se acalmado. Ela anda sozinha agora, ao lado de Caleb, e suas bochechas estão secando sem novas lágrimas.
Tobias caminha ao meu lado, toca o meu ombro levemente.
— Tem um tempo desde que eu verifiquei o ombro — ele comenta. — Como está?
— Bem. Eu trouxe o remédio para dor, felizmente — digo. Fico feliz em falar sobre algo leve – tão leve quanto uma ferida pode ser, de qualquer maneira. — Eu não acho que estou deixando-o cicatrizar muito bem. Continuo usando o meu braço ou caindo sobre ele.
— Haverá tempo de sobra para a cura, uma vez que tudo isso acabe.
— Sim. — Ou não importa se eu me curar, acrescento em silêncio, porque vou estar morta.
— Aqui — diz ele, pegando uma pequena faca do bolso de trás e entregando a mim. — Só por precaução.
Eu a coloco no meu próprio bolso. Sinto-me ainda mais nervosa agora.
Os sem facção nos levam pela rua e para um beco sujo que fede a lixo. Ratos dispersam à nossa frente com guinchos de terror, e eu só vejo suas caudas, deslizando entre montes de resíduos, latas de lixo vazias, caixas de papelão encharcado. Eu respiro pela boca para não vomitar.
Edward para ao lado de um prédio de tijolos desmoronado e força uma porta de aço para abrir. Eu meio que espero todo o edifício estremecer e cair se ele puxar muito forte. As janelas estão tão sujas que a luz quase não penetra nelas. Nós seguimos Edward a um aposento úmido. Com o brilho cintilante de uma lanterna, eu vejo... pessoas.
Pessoas sentadas ao lado de colchonetes. Pessoas abrindo latas de alimentos. Pessoas bebendo em garrafas de água. E crianças, passando entre os grupos de adultos, não limitadas a uma determinada cor de roupa – crianças sem facção.
Estamos em um depósito dos sem facção, e os sem facção, que deveriam estar espalhados, isolados, e sem comunidade... Estão juntos dentro. Estão juntos, como uma facção.
Eu não sei o que esperava deles, mas estou surpresa como quão normal eles parecem. Eles não lutam entre si ou evitam o outro. Alguns deles dizem piadas, outros falam uns com os outros baixinho. Aos poucos, porém, todos parecem perceber que não devíamos estar lá.
— Vamos — diz Edward, dobrando o dedo para nós seguirmos. — Ela está aqui atrás.
Olhares e silêncios nos recebem conforme seguimos Edward mais fundo na construção que deveria estar abandonada. Finalmente não posso mais conter minhas perguntas.
— O que está acontecendo aqui? Por que estão todos juntos assim?
— Você pensou que eles – nós – estávamos divididos — diz Edward sobre seu ombro. — Bem, eles estavam, por um tempo. Com fome demais para fazer muita coisa, exceto procurar comida. Mas então os Caretas começaram a lhes dar comida, roupas, ferramentas, tudo. E eles ficaram mais fortes, e esperaram. E foi assim que os encontrei, e eles me acolheram.
Nós andamos em um corredor escuro. Eu me sinto em casa, no escuro e no silêncio que são como os túneis da sede da Audácia. Tobias, no entanto, enrola um fio solto de sua camisa em torno de seu dedo, para trás e para frente, mais e mais. Ele sabe quem vamos encontrar, mas eu ainda não tenho ideia. Como é que eu sei tão pouco sobre o garoto que diz que me ama – o garoto cujo nome real é poderoso o suficiente para nos manter vivos em um vagão de trem cheio de inimigos?
Edward para em uma porta de metal e bate sobre ela com o punho.
— Espere, você disse que eles estavam esperando? — diz Caleb. — O que eles estavam esperando, exatamente?
— O mundo desmoronar — Edward responde. — E agora aconteceu.
A porta se abre, e uma mulher de aparência séria com um olho preguiçoso fica na porta. Seu olho constante varre o quarteto.
— Vagabundos? — ela pergunta.
— Dificilmente, Therese — ele aponta seu polegar sobre seu ombro, para Tobias. — Aquele é Tobias Eaton.
Therese olha Tobias por alguns segundos, em seguida, concorda.
— Certamente é. Espere um pouco.
Ela fecha a porta novamente. Tobias engole rígido, seu pomo de Adão balançando.
— Você sabe quem ela vai chamar, não sabe? — Caleb pergunta para Tobias.
— Caleb — Tobias replica — por favor, cale a boca.
Para minha surpresa, meu irmão suprime sua curiosidade da Erudição.
A porta se abre novamente, e Therese recua para nos deixar entrar. Entramos em uma antiga sala da caldeira com máquinas que emergem da escuridão tão de repente que eu bato com meus joelhos e cotovelos. Therese leva-nos através do labirinto de metal para o fundo da sala, onde há várias lâmpadas penduradas do teto sobre uma mesa.
Uma mulher de meia-idade está por trás da mesa. Ela tem cabelo preto encaracolado e pele morena. Suas características são rígidas, tão angulares que quase a deixam feia, mas não completamente.
Tobias aperta minha mão. Naquele momento, percebo que ele e a mulher têm o mesmo nariz adunco – um pouco grande demais no rosto dela, mas do tamanho certo no dele. Eles também têm o mesmo queixo forte, mandíbula distinta, lábio superior cheio, orelhas de abano. Só os olhos dela são diferentes – em vez de azuis, eles são tão escuros que parecem pretos.
— Evelyn — diz ele, a voz tremendo um pouco.
Evelyn era o nome da esposa de Marcus e mãe de Tobias. Solto a mão de Tobias. Poucos dias atrás, eu estava lembrando seu funeral. Seu funeral. E agora ela está na minha frente, os olhos mais frios do que os olhos de qualquer mulher da Abnegação que eu já vi.
— Olá — ela dá a volta na mesa, olhando para ele. — Você parece mais velho.
— Sim, bem. A passagem do tempo tende a fazer isso com uma pessoa.
Ele já sabia que ela estava viva. Há quanto tempo ele descobriu?
Ela sorri.
— Então, você finalmente chegou...
— Não pela razão que você imagina — ele interrompe. — Estavámos fugindo da Erudição, e a única chance de fuga que tivemos precisou que eu dissesse meu nome para seus lacaios pobremente armados.
Ela deve tê-lo deixado com raiva de alguma forma. Mas eu não posso evitar pensar que, se eu descobrisse que minha mãe estava viva depois de pensar que ela estava morta por tanto tempo, eu nunca falaria com ela da maneira que Tobias falou com sua mãe agora, não importa o que ela tenha feito.
A verdade do pensamento me machuca. Eu o empurro de lado e me concentro, em vez disso, no que está à minha frente. Na mesa atrás de Evelyn está um grande mapa com marcadores sobre ele. Um mapa da cidade, obviamente, mas eu não tenho certeza do que os marcadores querem dizer. Na parede atrás dela está um quadro de giz com um gráfico sobre ele. Eu não posso decifrar as informações no gráfico; está escrito em abreviações que eu não conheço.
— Eu vejo — o sorriso de Evelyn permanece, mas sem o seu toque de diversão. — Apresente-me para os seus companheiros refugiados, então.
Os olhos dela derivam até nossas mãos juntas. Tobias separa os dedos. Ele aponta para mim primeiro.
— Esta é Tris Prior. Seu irmão, Caleb. E sua amiga Susan Black.
— Prior — diz ela. — Conheço vários Priors, mas nenhum deles se chama Tris. Beatrice, no entanto...
— Bem — respondo — conheço vários Eatons vivos, mas nenhum deles se chama Evelyn.
— Evelyn Johnson é o nome que eu prefiro. Particularmente entre um grupo da Abnegação.
— Tris é o nome que eu prefiro — respondo. — E não estamos na Abnegação. Nem todos nós, de qualquer maneira.
Evelyn dá uma olhada para Tobias.
— Amigos interessantes que você fez.
— Aquilo é a contagem da população? — Caleb pergunta atrás de mim. Ele anda para frente, com a boca aberta. — E... o quê? Casas seguras dos sem facção? — Ele aponta para a primeira linha no gráfico, que lê 7..........Grn Csa. — Quero dizer, esses lugares, no mapa? São casas seguras, como esta, certo?
— Isso é um monte de perguntas — Evelyn diz, arqueando uma sobrancelha. Eu reconheço a expressão. Pertence a Tobias – assim como seu desgosto por perguntas. — Por motivos de segurança, eu não vou responder a nenhuma delas. Enfim, é hora do jantar.
Ela aponta para a porta. Susan e Caleb andam em direção a ela, seguidos por mim. Tobias e sua mãe ficam para trás. Nós percorremos nosso caminho através do labirinto de maquinaria de novo.
— Eu não sou burra — diz ela em uma voz baixa. — Sei que você não quer nada comigo, embora eu ainda não possa entender muito bem o porquê...
Tobias bufa.
— Mas — ela continua — vou estender o convite novamente. Nós poderíamos usar sua ajuda aqui, e sei que você sente o mesmo sobre o sistema de facção...
— Evelyn — diz Tobias. — Eu escolhi a Audácia.
— As escolhas podem ser feitas de novo.
— O que te faz pensar que estou interessado em passar tempo perto de você? — ele exige. Ouço seus passos pararem e diminuo meus passos para que eu possa ouvir quando ela responde.
— Porque eu sou sua mãe — ela responde, e sua voz quase quebra com as palavras, estranhamente vulnerável. — Porque você é meu filho.
— Você realmente não entende. Você não tem a mais vaga concepção do que fez para mim — ele parece sem fôlego. — Eu não quero juntar-me ao seu pequeno bando de sem facção. Quero sair daqui o mais rapidamente possível.
— Meu pequeno bando de sem facção está com o dobro do tamanho da Audácia — diz Evelyn. — Você faria bem se o levasse a sério. As ações dele podem determinar o futuro desta cidade.
Com isso, ela caminha à frente dele, e à minha frente. Suas palavras ecoam em minha mente: o dobro do tamanho da Audácia. Quando eles se tornaram tão grandes?
Tobias me olha, sobrancelhas abaixadas.
— Há quanto tempo você sabe?
— Cerca de um ano — ele despenca contra a parede e fecha os olhos. — Ela enviou uma mensagem codificada para mim na Audácia, me dizendo para encontrá-la no estacionamento de trens. Eu fui, porque sou curioso, e lá estava ela. Viva. Não foi um reencontro feliz, como você provavelmente pode adivinhar.
— Por que ela deixou a Abnegação?
— Ela teve um caso — ele balança a cabeça. — E não é de admirar, já que meu pai... — ele balança a cabeça novamente. — Bem, vamos apenas dizer que Marcus não era melhor para ela do que ele foi para mim.
— É... por isso que você está com raiva dela? Porque ela foi infiel a ele?
— Não — ele diz muito severamente, seus olhos abrindo. — Não, não é por isso que eu estou com raiva.
Eu ando em direção a ele, como me aproximando de um animal selvagem, cada passo cuidadoso no chão de cimento.
— Então, por quê?
— Ela teve que deixar meu pai, eu entendo isso. Mas será que ela pensou em me levar com ela?
Eu aperto meus lábios.
— Ah. Ela te deixou com ele.
Ela o deixou sozinho com o seu pior pesadelo. Não me admira que ele a odeie.
— Sim — ele chuta o chão. — Ela deixou.
Meus dedos encontram os seus, tateando, e ele os guia para dentro dos espaços entre os seus. Eu sei que chega de perguntas, por agora, então deixo que o silêncio permaneça entre nós, até que ele decida quebrá-lo.
— Parece-me — diz ele — que os sem facção são melhores amigos do que inimigos.
— Talvez. Mas qual seria o custo desta amizade?
Ele balança a cabeça.
— Eu não sei. Mas não temos outra opção.
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